James M. Dressler
13/08/2018 | Primeiro Debate
E tivemos o primeiro debate dos candidatos à presidente na TV Bandeirantes nesta semana, com algumas surpresas e confirmações.
A primeira confirmação veio logo de cara, com Guilherme Boulos, abusando de seu histrionismo, ao tentar provocar Jair Bolsonaro com as repetidas acusações de que o candidato tem sido alvo há anos: racista, homofóbico, etc. E aí veio a primeira surpresa: um Bolsonaro tranquilo, muito calmo, respondendo sem partir para o revide, e apontando para o calcanhar de Aquiles de Boulos. Se esperava causar danos a Bolsonaro, Boulos obteve o efeito contrário. E o candidato do PSOL acabou com outro revés: passou um bom tempo de fora do debate, sem que nenhum candidato lhe fizesse perguntas. Num determinado momento, até cheguei a me esquecer dele. Bolsonaro, ao contrário do que se esperava, não foi atacado e até “tabelou” com outros candidatos, como Álvaro Dias. Ponto para o capitão.
Alckmin apareceu bem, tem bom domínio dos assuntos, mas não sabemos ainda se isso será suficiente para apagar a imagem de candidato “anti-Lava Jato”, pelo fato de ser apoiado pelo centrão, o que supostamente o caracterizaria como alguém que vai usar a máquina pública para aliviar a barra das dezenas de deputados investigados pela operação. Por outro lado, Alckmin tentou deixar bem claro que, ao contrário do que vinha sendo divulgado, é contra a volta do imposto sindical, ao menos nos antigos moldes da cobrança. Talvez seja a favor de um outro modelo, ainda obrigatório, mas decidido em assembleias dos sindicatos. Está aí uma boa pergunta para algum candidato fazer a ele num próximo debate. Fica a sugestão.
Marina, não surpreendendo, continua aquela indefinida, não se sabe bem o que ela quer. Talvez se atrapalhe ao tentar parecer de centro, procurando atrair votos da direita e da esquerda. O fato é que a oratória dela não é boa, ao menos para mim, ela fala demais para exprimir poucas ideias, acaba sendo um pouco enfadonha. Num debate ela cansa, acharia melhor ler o que ela escreve sobre suas ideias do que ouvi-la. Passou batida no debate.
Ciro tentou, claramente, a exemplo de Bolsonaro, passar uma imagem de tranquilidade. Mas suas promessas são no mínimo pitorescas. Uma delas, que gerou muitos memes, foi tirar todo mundo do SPC. Não explicou como fazer isso no debate, mas eu imagino que a melhor ideia para isso seria a de outro candidato, Henrique Meirelles: criar empregos. O problema de Meirelles é que, apesar de tecnicamente, ser talvez o mais bem preparado de todos, soa patético ao tentar simplificar as coisas para o povão entender, e soa falso ao dizer que gerou milhões de empregos quando era presidente do Banco Central. Ele pode ter ajudado, porém o que criou mesmo empregos foi a conjuntura econômica da época, de boom das commodities. Quando acabou, somado à política econômica desastrada do PT, gerou mais de 14 milhões de desempregados e ainda deixou um déficit fiscal enorme, pelas despesas que assumiu como se não houvesse amanhã.
Álvaro Dias surpreendeu negativamente no início do debate, titubeante, parecia estar nervoso e passou uma sensação ruim. Melhorou com o desenrolar do debate, e acabou tendo desempenho mediano, não ganhou votos nem perdeu. Vai precisar melhorar bastante nos próximos se quiser decolar.
E por fim o Cabo Daciolo: a melhor definição que vi para ele é que é o CAPS LOCK em carne e osso. Se posso dizer algo sobre ele, é que agora a gente sabe que ele existe e o que pensa. Já foi um ganho para ele. Para nós, nem tanto. Fica a expectativa para o próximo debate, onde já não terá o fator surpresa a seu favor.
O interessante agora será observar o resultado deste primeiro encontro nas pesquisas. Meu palpite é que Bolsonaro e Alckmin devem crescer. Quem sabe até o Ciro cresça alguma coisa.
Aguardemos.
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