James M. Dressler
28/08/2014 | Capacidades e Necessidades
"De cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades" é uma frase criada por Karl Marx que sintetiza a idéia por trás do socialismo e um modo de entender e encarar a vida humana em sociedade.
Mas essa frase de aparência tão nobre, é realmente nobre como pretende ser? Ela traz algo de bom para a nossa sociedade, para a civilização, não só na que vivemos, mas numa sociedade em que gostaríamos de viver? Vamos então olhar o que há por trás das aparentes boas intenções que ela tenta representar.
Imagine você no seu emprego: você que é um sujeito esforçado, trabalhador, procura não deixar suas tarefas para depois, seu chefe o considera um empregado capaz. Por outro lado, há um outro colega seu bem menos esforçado, gosta de uma balada, chega atrasado, mas gosta de aparecer com aquele carro esportivo caro, sem o carro ele não se sente "confiante". É uma "necessidade" que ele tem, senão sabe como é, acaba deprimido, desmotivado, não é a mesma pessoa. Você, ao contrário, adora seu carro popular: não dá oficina e consome pouca gasolina. Marx diz: "de cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades". Se Marx fosse seu chefe, ele lhe diria: "olha, você trabalhe duro aí para pagar o carro esportivo dele". Sei que parece piada, mas no final das contas, "reductio ad absurdum", essa é a ideia que está nas entrelinhas do pensamento por trás daquela nobre frase.
Não precisa ser muito sagaz para antever que, para que não caiamos na desordem completa, onde todo mundo só tem necessidades e ninguém tem capacidade, será necessário existir um "ser celestial", alguém supostamente isento, sentado em algum escritório em algum departamento de controle estatal, com sabedoria e justiça divinas, a dizer quem é capaz do quê e quem tem quais necessidades, não é mesmo? Qualquer semelhança com as restrições ao consumo existentes hoje em Cuba e que recentemente foram anunciadas na Venezuela, não é mera coincidência.
Daí para o "ser celestial" obrigar pessoas a fazerem o que não querem e ver necessidades onde elas não existem, principalmente para os amigos, a distância é menor que a da mão com a caneta ao papel para assinar ordens e decretos... Lembrou escravidão e corrupção? Ora, dois parágrafos atrás nós estávamos apenas com as mais nobres intenções!
O fato é que o "poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente", como dizia Lord Acton, o famoso historiador britânico. Mesmo que um colegiado decida as capacidades e as necessidades, ainda assim a frase é válida. E mesmo que realmente "seres celestiais" tomassem tais decisões, seriam tantas a tomar e a cada instante, que muitos dos comandados morreriam antes de saber o que deveriam fazer e o que deveriam receber, tamanha a fila formada.
Só existe um sistema que é capaz de unir as duas coisas em uma só, "just in time", com decisões a cada momento, mas não tomadas por burocratas em algum lugar distante, e sim pelos próprios envolvidos, os detentores das mais variadas capacidades e os detentores das mais variadas necessidades. É o Capitalismo, onde existe o mercado, que permite esta interação entre produtor (o detentor da capacidade) e o consumidor (o detentor da necessidade), instantaneamente negociando e chegando ao que é de interesse de ambos: o bom negócio, que é aquele onde os dois ganham.
Estamos naquele momento importante, em que olhamos para as diversas propostas que os candidatos a cargos políticos nos apresentam, e temos que decidir o que levará o Brasil para frente, para a dianteira do crescimento do PIB no mundo, e da melhoria de vida para todos, com mais saúde, educação e segurança. Hora de refletir para ver aonde queremos chegar.
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