James M. Dressler
22/02/2017 | 1070
Você pode ficar pensando o que faz este número aí de titulo desta coluna. Tem a ver com 17/03/2014, dia da primeira fase da Operação Lava a Jato. Neste último domingo, dia 19/02/2017, se completam 1070 dias de operações prendendo criminosos por todo o Brasil.
Tudo começou anos antes, com escutas que flagraram conversas pouco republicanas do doleiro Alberto Youseff, e dali em diante foram puxando-se fios, desatando-se nós, até a situação atual de completo desnudamento do que foram estes últimos 14 anos da política brasileira, principalmente no âmbito federal. Dezenas de funcionários de estatais, empreiteiros e políticos enquadrados, presos e condenados.
Nada disso teria sido possível sem a figura jurídica da delação (ou colaboração) premiada. Sem poder livrar-se da maior parte das penas que cumpririam, ninguém jamais delataria seus comparsas, afinal, só teria prejuízos, principalmente o de se tornar um alvo ambulante. E não tenha dúvidas, alvo mesmo, porque neste nível de jogo que praticavam, avião cai, helicóptero cai, carro perde freio, caixa automática trava, dá para imaginar como é quando milhões estão em jogo e a cadeia passa a ser um destino provável.
Minha crítica quanto às delações é que acho as penas reduzidas demais, e também acho que há muitos delatores, mas admito, é um julgamento à distância e sem ter total acesso aos autos, portanto talvez todas elas sejam necessárias. Teremos uma ideia melhor quando a operação terminar e pudermos fazer um balanço entre o número de delatores e delatados que vão cumprir pena integral.
Quanto ao comportamento dos procuradores, pode ter havido um ou outro excesso em termos de terem sido mais prolixos do que deveriam, talvez um pouco mais de discrição como tem tido o juiz Sérgio Moro, ficaria melhor e geraria menos críticas dos opositores da Lava a Jato. Além destas críticas, há também aquela que culpa a operação pela nossa crise econômica. Considero absurda, nossa crise advém exclusivamente da (sempre) fracassada política desenvolvimentista adotada pelos governos de 2003 para cá. É sempre questão de tempo, há uma melhora inicial e uma queda que carrega a economia para um buraco sem tamanho algum tempo depois. Felizmente veio o impeachment e a correção de rota que está em andamento.
Mas fica a pergunta: passados 1070 dias de Lava a Jato, as próprias manifestações do Ministério Público apontando quem era quem nos esquemas desvendados, o que ainda faz o chefe de tudo solto?
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