James M. Dressler
22/03/2017 | Realidade Alternativa
Não sou o primeiro a imaginar como seriam as coisas se tal fato histórico tivesse se desenrolado com um desfecho diferente. A literatura está cheia de clássicos que apresentam diferentes realidades alternativas em diferentes épocas da História. Uma distopia atualmente sendo apresentada no formato de série, baseada no livro homônimo, The Man In The High Castle é um bom exemplo que eu recomendo a quem puder assistir pela Amazon Video.
Esta série apresenta outra realidade, num universo paralelo, onde o Eixo, em que participavam Alemanha e Japão, vence os Aliados na II Guerra Mundial, dividindo o espólio dos derrotados entre si. Os Estados Unidos são divididos em duas metades, a oeste, comandada pelo Japão, e a leste, comandada pela Alemanha. O espectador acaba atônito, vendo do que escapamos ao vencermos aquela guerra. Vale a pena conferir.
Fico eu então imaginando como seria o Brasil de hoje, caso a Operação Lava Jato não tivesse acontecido. Teria o impeachment de Dilma Rousseff tido sucesso? Duvido muito. A Operação Lava Jato minou, feriu de morte a credibilidade que ainda restava ao PT, depois do mensalão. Certamente que, para os mais atentos, desde lá o partido não tinha qualquer credibilidade. Mas para a população em geral, ainda havia muita credibilidade mantida, depois de tantos anos de propaganda em que os petistas pregavam que os únicos honestos eram eles.
Nesta realidade alternativa, certamente estaríamos ainda sob o jugo da “Nova Matriz Econômica”, que criou os “campeões nacionais” com dinheiro farto e barato do BNDES. Deu com os burros n’água com Eike Batista, e agora vemos que também há problemas com a JBS e BRF, outras favorecidas por empréstimos do banco estatal, envolvidas na semana passada na Operação Carne Fraca. O rombo do BNDES é algo ainda a ser esclarecido, talvez um desdobramento da Operação Lava Jato para logo mais adiante.
Nesta realidade alternativa nefasta, estaríamos ainda em aprofundamento da crise, com o contínuo crescimento dos gastos do Estado Brasileiro, provavelmente entrando no terceiro ano de recessão consecutiva, depois de um retrocesso no PIB de 3,8% em 2015 e outro de 3,6% em 2016. Não é de duvidar, basta ver o que acontece hoje com a Venezuela, que segue uma linha econômica aplaudida e apoiada pelos petistas. A dívida pública estaria seguindo sua trajetória explosiva e seria bem provável que o governo tivesse sérios problemas em honrar pagamentos (inclusive folha salarial), daqui dois ou três anos.
Reformas da Previdência e Trabalhista? Ora, nem pensar, isso jamais seria pauta do governo de Dilma Rousseff. Continuaríamos aposentando jovens de 40 e 50 anos como se não houvesse amanhã. Difícil explicar para algum estrangeiro que, em pleno século XXI, há gente totalmente saudável se aposentando no Brasil com apenas 25 anos de serviço, com pouco mais de 40 anos. Ninguém acredita.
Fica complicado até imaginar o que o governo de Dilma Rousseff estaria fazendo a estas alturas, dado o agravamento da crise, resultado de sua política econômica, de sua aversão por reformas, por mais urgentes e necessárias que fossem. Dada a ideologia que norteou todo seu mandato e de seu antecessor, não consigo ver outras ideias, diferentes de aprofundar as políticas já em prática, ou saídas ainda mais heterodoxas, algo “inovador”, como o confisco de Collor em 1990, ou os fiscais do Sarney em 1986, tática que parece andar sendo ressuscitada por Maduro na Venezuela.
Graças a Deus, escapamos desta outra realidade terrível. O país parece estar voltando aos eixos. Depois de 22 meses de destruição de empregos, o CAGED apontou saldo positivo de 35 mil novos empregos no início deste ano. A inflação voltou ao centro da meta, e a projeção de crescimento do PIB é pequena, mas ela existe para 2017. Salve!
É bom imaginar como poderia ser pior, para valorizarmos o pequeno progresso que obtivemos.
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