James M. Dressler
23/11/2016 | Mais Prisões
Tivemos uma semana agitada com as prisões dos dois ex-governadores do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho e Sérgio Cabral. Comemoradas por muitos, dão um alento de justiça ao povo do Rio de Janeiro, mas não resolverão os problemas em que aquele ente da federação se encontra, infelizmente.
As investigações da Lava Jato apontam que a turma de Sérgio Cabral teria desviado mais de duzentos milhões de reais do estado do Rio de Janeiro das mais diversas formas, seja em propinas, mesadas regulares, presentinhos, e sabe-se lá o que mais. Mas vamos supor, apenas por hipótese, que o valor fosse dez vezes maior que isso, dois bilhões de reais. Este valor dividido pelo tempo de mandato de Sérgio Cabral, de praticamente oito anos, dariam duzentos e cinquenta milhões de reais por ano. Parece muito dinheiro? Sabem qual o déficit estimado somente para 2016 no Estado do Rio de Janeiro? Dezoito bilhões de reais, nove vezes mais que a minha hipótese que multiplica por dez o que teria sido desviado!
Antes de prosseguir, quero deixar claro que acho ótimo que quem desviou dinheiro, seja para si mesmo, seja para o seu partido, seja para quem for, que primeiro devolva tudo que foi desviado, e que fique na cadeia por um longo tempo. Eu diria até mais: para mim não bastaria devolver tudo. Deveria ser imposta uma multa em dinheiro, para tirar ainda mais do criminoso, inclusive, se necessário, leiloando os bens que ele possuía antes de começar a roubar, se é que tinha algo. Mas isso não explica nem resolve os problemas do Rio de Janeiro. Nem de outros estados em situação semelhante.
O que explica a situação emblemática do Rio de Janeiro é a irresponsabilidade fiscal, o gastar sem limites, o populismo barato que quer agradar a tudo e a todos pensando sempre na próxima eleição. Claro, também porque enquanto continuar sendo eleito, o jogo das propinas continua. Mas só se consegue a vencer uma eleição quando o povo também acredita que governos podem tudo e que o dinheiro nunca acaba, e este mesmo povo está disposto a eleger o primeiro mentiroso que lhe diga que o estado fornecerá cada vez mais serviços gratuitamente, sem explicar de onde o dinheiro sairá.
Este tipo de raciocínio é bastante comum por todo o Brasil. Por razões diversas, mas tendo sempre no fundo esta crença de que o estado tudo pode e não quebra nunca, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul estão passando por sérias dificuldades. Como já comentei em outro artigo, esta situação se repete ciclicamente, mais ou menos a cada 25 anos, desde meados do século passado.
Quem sabe, desta vez, com o auxílio da internet para espalhar a informação, nós acabemos aprendendo que nem existe almoço grátis, nem dinheiro dá em árvores. Que é preciso ter responsabilidade fiscal, e que o estado tem é que priorizar tão somente três áreas, por ordem de importância: segurança, educação e saúde. Segurança em primeiro lugar, porque sem ordem e justiça, não há liberdade. Educação em segundo, porque quanto mais educadas as pessoas forem, melhores empregos terão e menos dependerão do estado, inclusive para saúde, a prioridade em terceiro lugar. O resto? Deixem para a iniciativa privada.
Oremos! Só saberemos se aprendemos as lições daqui dez anos, se as reformas que serão feitas agora (rezemos!) não tiverem sido abrandadas, abrindo as portas para a repetição do ciclo maldito da quebradeira, tal qual foi feito nos últimos quatorze anos com a Lei de Responsabilidade Fiscal.
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