James M. Dressler
30/07/2018 | “Fake News” e Desinformação
O combate às “fake news” definitivamente entrou em alta com o início da campanha eleitoral e, principalmente, depois do Facebook ter banido algumas páginas de seu site. Nem entro na questão de qual o viés ideológico das páginas banidas, o que acho estranho é que elas tenham tão somente o mesmo viés ideológico, como se as de viés oposto não estivessem repletas de notícias falsas, manipulação e desinformação (procure no Google por “camping digital para formação de militância virtual” e tire suas próprias conclusões). Mas não é só na internet que elas pululam, basta ligar a TV para ver as mesmas práticas. Vou exemplificar com uma notícia falsa e uma desinformação.
“A política de imigração de Donald Trump está separando filhos de imigrantes de seus pais!”. Quantas vezes você já ouviu esta “notícia” na TV ou mesmo no rádio nos últimos meses? Centenas de vezes, provavelmente. Praticamente todos os dias eu ouço esta balela nos meios de comunicação. E não raro, em seguida, alguma propaganda institucional do próprio veículo informativo dizendo que combate as notícias falsas, que é para a população confiar apenas nos meios de comunicação tradicionais, etc. A verdade é que a política de separação de pais e filhos imigrantes ilegais existe há duas décadas, é da época da administração de Bill Clinton, e não é nem ideia do partido de Trump, o Republicano, e sim do Partido Democrata. É só procurar para encontrar diversas fotos de protestos de imigrantes separados de seus filhos ainda na época de Obama, mas que você dificilmente viu na mídia tradicional, especialmente a brasileira. Alguém se lembra desta gritaria diária sobre a separação, antes de Trump assumir? Não havia! É claro que o problema se agravou porque o cerco à imigração ilegal aumentou com Trump, mas não é política de Trump separar pais e filhos, e por isso mesmo o próprio presidente assinou ordem para que a separação não ocorra mais, coisa que Obama não fez em oito anos de presidência. Tal manchete enseja duas artimanhas da mídia tradicional: “fake news” e manipulação da audiência.
“A cobrança adicional por bagagem não baixou o preço da passagem de avião como prometido!”. Certamente já encheu os tubos de tantas vezes que já se ouviu esta frase nos telejornais brasileiros. O problema é que nunca foi prometido que as passagens necessariamente baixariam. Isso foi o que a imprensa colocou nas manchetes para chamar a atenção do público. O que motivou a política de cobrança por bagagem extra foram três aspectos: (1) Os custos poderiam baixar porque as pessoas passariam a levar menos bagagem, realmente só o necessário, para evitar pagar mais pela passagem; (2) A tarifa seria mais justa, uma vez que quem traz menos carga para o avião carregar pagaria menos; (3) Dada a combinação de (1) e (2), com os custos baixando pelo menor peso, menor gasto de combustível e menor logística com as bagagens, o preço da passagem poderia baixar, mantidos os demais custos constantes. O problema é que desde que foi aprovada a nova política, o dólar subiu de R$ 3,25 para R$ 3,80, e o barril de petróleo, de onde sai o querosene de avião, saltou de US$ 50 o barril para US$ 75. Combinados, estes dois fatores geram um aumento de 75% no principal custo da aviação, que é o combustível, e em outro importante, que é a manutenção (peças, etc.), cotada em dólar. Ora, a expectativa de economia com a cobrança de bagagem extra nem de longe passava por 75%, se chegasse a um décimo disso, seria muito. Mas isso importa para os meios de comunicação? Parece que o objetivo não é informar e esclarecer, é outro! A população fica desinformada, e não percebe que se a política de bagagens fosse a antiga, o impacto destes aumentos do combustível e do dólar faria as passagens estarem com preços ainda mais elevados do que estão hoje, que é o que a nova política pretendia (e conseguiu) impedir. Com todo este aumento de custos, as passagens aumentaram de lá para cá menos de 10%! Curiosidade: o modelo de cobrança por bagagens adotado pelo Brasil é o vigente em todos os países do mundo, exceto Cuba, Venezuela e Rússia. Precisa dizer mais?
Certamente cada um de nós, dentro de sua área de especialidade, é capaz de ver, diariamente, notícias veiculadas pela mídia tradicional que são absoluta desinformação, manipulação da audiência ou simplesmente são falsas. Outro exemplo: a Previdência não pode ser superavitária e deficitária ao mesmo tempo! Um dos dois lados está mentindo! E toda semana você vê uma notícia no rádio ou TV dizendo uma coisa ou outra!
Difícil lidar com essa situação, pior ainda é quando há supostos arautos da verdade “checando” notícias e dando-lhes veracidade de forma enviesada politicamente!
A guerra da informação está só começando.
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