James M. Dressler
16/07/2018 | Rouba, Mas Divide
Há muitas décadas, ficou consagrada uma espécie de bordão que carimbava certos políticos, notórios pelos negócios pouco transparentes que faziam quando na administração pública, de que o sujeito “roubava, mas fazia”. Até os próprios políticos que eram acusados não tinham muitos pruridos em admitir suas práticas, se escudando nas obras que suas administrações entregavam à comunidade. E não é que tivemos uma “evolução” nesse campo?
De uns quinze anos para cá, começou a surgir uma variante do “rouba, mas faz”. Não que faltem obras a serem feitas por este imenso Brasil. O fato é que o socialismo começou a dominar cada vez mais a mente dos brasileiros, que desde sempre foram chegados ao assistencialismo, e parece que nesta última década deram um mergulho de cabeça na dependência do estado. Talvez, cansados de obras como hospitais, que nem sempre estão disponíveis sem enfrentar-se uma fila, ou escolas, que demandam de quem as frequenta uma contrapartida em esforço, passaram a preferir vantagens financeiras imediatas, como bolsa-família, isenções de todos os tipos ou as tais “tarifas sociais”, aquelas onde se paga um valor simbólico porque simplesmente se tem pouco dinheiro no bolso. Em tempo, descobrimos semana passada que a “tarifa social” evolui com o tempo para isenção, com a legalização do “gato de luz” semana passada. Dentro deste caldo de cultura, surgiu a novidade, que apelidei de “rouba, mas divide”.
Qualquer um que utilize alguma rede social já deve ter visto um dos inúmeros vídeos que circulam mostrando cidadãos, que ao serem perguntados por que votam em determinado sujeito, mesmo julgado e condenado por corrupção, justificarem que o fazem porque o tal sujeito foi o único que “ajudou” ele. Ou seja, “roubou, mas me ajudou, dividiu comigo”. Parece até haver uma condescendência com o corrupto, algo assim como se o produto da corrupção houvesse sido um prêmio para quem tanto “bem” tinha feito.
Lamentavelmente, as pessoas não percebem, não tem discernimento suficiente para perceber que a corrupção que aparece é só uma ponta do iceberg de todo prejuízo causado diretamente pela corrupção, com o desvio de verbas públicas nos diversos níveis de administração, e menos ainda, um grão de areia, quem sabe, de todo o prejuízo causado a toda população com a enorme carga tributária necessária para, apesar desta sangria de recursos desviados, ainda sobrar algo para custear os serviços de segurança, saúde e educação. Não percebe o incauto que a carga tributária excessiva sufoca a iniciativa privada e acaba com os empregos, situação que levou ao atual quadro de treze milhões de desempregados no Brasil, e a pobreza de muitos que se acham ajudados pelos corruptos. De um lado, tais políticas colocam diretamente alguns trocados no bolso do sujeito, mas lhe tiram a oportunidade de andar com as próprias pernas de outro, tirando-lhe a dignidade e tornando-o um eterno dependente daquele que se apresenta como seu benfeitor.
Triste sina de um povo com pouca educação, doutrinado pelo socialismo e ensinado a depender do estado desde a mais tenra idade. O resultado não poderia ser outro: o Brasil acabou se tornando o país do futuro.
Do pretérito.
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