James M. Dressler
04/03/2019 | Voltando Atrás
Sérgio Moro nomeou Ilona Szabó para a suplência do Conselho de Políticas Criminais e Penitenciárias num dia e, após um telefonema do presidente Bolsonaro, voltou atrás no dia seguinte. Bolsonaro e Moro agiram certo no episódio?
Antes de responder, tenho que dizer que o que eu mais “gosto” são jornalistas criticando o recuo de Moro, porque "tem que haver diversidade de pensamento" no tal conselho. Até agora, não vi nenhum deles comentar ou listar o perfil dos atuais 26 membros do tal conselho, se são de esquerda, centro, ou de direita, quais posições defendem. Por exemplo, quantos seriam contra o desarmamento da população? Imagino quantos membros do conselho foram nomeados pelos governos petistas com pensamento diverso do pensamento de esquerda... Imaginem a Dilma nomeando um defensor das armas para o tal conselho... Os mesmos que hoje criticam o recuo de Moro estariam criticando Dilma por nomear alguém contra o desarmamento. É o duplipensar em ação.
Também não posso deixar passar os criadores de intriga que querem desestabilizar o governo Bolsonaro. No dia seguinte ao recuo de Moro, lá estou eu escutando uma rádio de Porto Alegre quando o apresentador do programa, tentando demonstrar incoerências de Bolsonaro, reproduz um pronunciamento do presidente no início do governo, e então se ouve ele dizer: "Dou carta branca para Sérgio Moro combater a corrupção e o crime organizado", e então o apresentador reassume o microfone, ainda dá uma titubeada, na dúvida se deve continuar ou não, mas resolve emendar: "Está aí, Bolsonaro disse que daria carta branca para o Moro tocar o ministério, e agora isso!". A verdade é que, ao perceber que Bolsonaro não tinha dito o que ele desejava que tivesse dito, resolveu martelar a verdade para caber na crítica que pretendia fazer ao presidente. Bolsonaro não deu carta branca para Moro ir contra um fundamento da campanha à presidência, que é o fim do desarmamento da população, e sim para o combate à corrupção e ao crime organizado!
Agora, respondendo à pergunta, Moro talvez não tivesse percebido que já há gente demais pensando diferente do atual governo no tal conselho, ou talvez tivesse subestimado a importância simbólica de tal indicação, já que é um cargo de suplência. Mas, alertado pelo presidente destes detalhes, voltou atrás, mostrando que não é o dono da verdade e que pode sim estar errado, ou simplesmente ter falhado na avaliação de um contexto. Moro acertou ao rever sua posição. Bolsonaro, por outro lado, mostrou não só estar ligado ao que dizem seus eleitores, mas também que é capaz de avaliar o contexto de fatos políticos, e conversar com seus ministros e convencê-los de que uma determinada escolha não foi tão boa assim. Acertou também.
Alguém poderia especular sobre um possível desgaste na relação entre os dois, mas acredito mais que essa ideia não passe de vontade de criar intrigas no governo, e quem sabe criar um clima entre presidente e ministro, para que eventualmente, num futuro próximo, Moro peça demissão e saia, enfraquecendo-o. Acho que é preciso algo bem mais importante que o ocorrido para abalar o desejo de ambos de combater o crime e a corrupção que imperam no país.
O que importa agora é focar na aprovação do pacote apresentado por Moro, que é fundamental para começar a consertar o país, e nisso aí presidente e ministro parecem muito bem alinhados.
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