James M. Dressler
26/02/2018 | Corrida Presidencial
E com o fim da reforma da Previdência, praticamente se dá início à corrida presidencial brasileira. Apesar de que o assunto “intervenção federal” no Rio de Janeiro vá ocupar bastante espaço na mídia, principalmente nas primeiras semanas de ações do Exército Brasileiro em território fluminense, as costuras políticas para o lançamento de candidaturas acabará por se impor daqui por diante.
E a reforma que não aconteceu tenderá a ser o assunto principal daqui por diante, com uma polarização entre os “negacionistas” e os “realistas”, os primeiros que sequer admitem que haja um déficit nas contas da Previdência, fazendo de conta que o orçamento da Seguridade Social (Previdência+Saúde+Assistência Social) é todo só para pagar aposentadorias, e os segundos, que veem o quadro terrível da Seguridade Social ter todo seu orçamento consumido por aposentadorias, não sobrando dinheiro algum para as demais obrigações, e o agravamento do quadro, quando mais adiante faltará também dinheiro para mantê-las em dia, devido ao crescimento em progressão geométrica do número de aposentados, enquanto as receitas crescem em progressão aritmética.
Sem dúvida será o assunto mais debatido pelos candidatos, o que me deixa preocupado é a reação dos eleitores ao debate. Não tenho dúvidas que os negacionistas até agora têm levado ampla vantagem, ajudados pelo fato de que os próprios eleitores, cada um dentro de seu contexto, negam ter algum privilégio e apontam sempre para outrem como detentor de vantagens indevidas. Esta é a receita para que não se mexa em nada e todos permaneçam em sua situação de conforto. Qualquer semelhança com as diversas categorias detentoras de auxílio-moradia, que sempre argumentam que “Por que querem tirar o auxílio somente de nós, se outros também ganham? Por que só nós e não eles?”, como a melhor artimanha para que ninguém perca o benefício, não é mera coincidência. É uma velha tática, e que costuma ser muito bem sucedida no Brasil.
Já antevejo alguns candidatos como potenciais beneficiários da posição negacionista nesta corrida, como Jair Bolsonaro, que inclusive adiantou seu voto na reforma que não saiu, dizendo que votaria contra. Com a dianteira que tem na intenção de votos, mantendo este discurso, que vai ao encontro com o que deseja a maioria do eleitorado, ele deve ampliar a vantagem que já possui nas pesquisas.
Se eleito, resta saber o que fará a partir de janeiro de 2019, com um déficit que cresce geometricamente e que é o principal responsável pelo atual déficit das contas do governo, agravado pelo cabresto da limitação de gastos impostos pela PEC de limite dos gastos públicos aprovada em 2016. Não duvido que o teto de limites dos gastos desabe para continuar a farra da Previdência.
Compartilhe
- Dia de Santa Adelaide
- Dia de São José Moscati
- Dia do Butantã
- Dia do Reservista
- Dia do Síndico - Porto Alegre
- Dia do Teatro Amador