James M. Dressler
30/12/2015 | Mais do Mesmo
Costumo dizer que certas pessoas não esquecem nada nem aprendem nada, o que normalmente cai muito bem em pessoas com tendências políticas de esquerda, querendo que o resto do mundo se curve a suas vontades. E não é que eles dia após dia gostam de me dar razão? Vem aí uma nova aposta nas mesmas políticas econômicas do primeiro mandato de Dilma Rousseff, as mesmas que nos levaram à atual desastrosa situação econômica.
Ouço e leio agora em todas as mídias, que Nelson Barbosa, ministro da fazenda, falar em "desonerar gradualmente grandes empregadores", através de pretensas “reforma trabalhista” e “reforma tributária”. Coloco entre aspas porque já ouvimos esta conversa antes e lembramos bem que são disfarces para afrouxamento de regras para uns e endurecimento para outros, no caso da trabalhista, e desoneração para uns e oneração para outros, no caso da tributária.
Lembram-se da "desoneração da folha de pagamento"? Aquela que desonerou os "grandes empregadores", mas que onerou imensamente (aumento da carga tributária em torno de 25%) as pequenas empresas, aquelas que estão nascendo e que são as que geram mais empregos, embora sejam um ou dois por empresa? Pois é. No final das contas, com o ajuste fiscal de Joaquim Levy, se aumentou em 125% o imposto que fora criado para "desonerar" a folha de pagamento, e todos acabaram prejudicados, grandes, médias e pequenas empresas (estas últimas duplamente).
Agora, Nelson Barbosa propõe mais do mesmo, quer “desonerar os grandes empregadores” novamente. Parece uma boa ideia, não? Parece, mas lembrem-se que o Estado não pode perder arrecadação (é a desculpa de sempre de políticos para não terem que cortar gastos). Portanto, quando o ministro fala em "desonerar gradualmente grandes empregadores", tenha absoluta certeza que ele também está dizendo "onerar gradualmente (ou aceleradamente) os demais" (para não haver queda na arrecadação, e quem sabe obter um aumento dela!).
O resultado será um desastre ainda maior do que o que foi criado pelas medidas anteriores, e o sepultamento de qualquer inovação, desenvolvimento tecnológico ou trabalho altamente produtivo, coisas que estão sempre ligadas às pequenas empresas que algum sonhador com uma ideia nova e revolucionária decide colocar em prática, como o Google há 20 anos. O Brasil vai mais uma vez privilegiar a mediocridade, o trabalho comum, de massa, que emprega em grande número gente com pouca qualificação, o que apesar de ser absolutamente necessário (e não há nada de errado nisso), não deve ser incentivado se para isso é necessário destruir o trabalho altamente qualificado e inovador.
Foi assim que o Brasil chegou a este fundo de poço em que está, porque há coisa de dez anos, entre uma série de erros de gestão e orientação econômica, resolveu contrapor o trabalho altamente qualificado ao pouco qualificado, privilegiando o último e desestimulando o empreendedorismo de alta tecnologia através do aumento da carga tributária.
E o Brasil não sairá desta arapuca que armou para si mesmo tão cedo, porque perdeu o bonde da história, já que se colocou por vontade própria, a reboque do que os países mais desenvolvidos criam em termos de tecnologia e inovação. Nos últimos anos, o Brasil optou por ser um país de operários montadores de aparatos tecnológicos que os outros países desenvolvem, e por isso mesmo, ele são ricos e nós pobres.
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