James M. Dressler
01/06/2016 | De Volta Para o Passado
E tal como uma epidemia, espalhou-se pelo Brasil a onda de invasões de escolas técnicas e de segundo grau, sob os mais variados pretextos, mas exclusivamente onde os governantes responsáveis não são de partidos de esquerda, ou mais especificamente, são de partidos da agora situação, no ambiente federal. O que está por trás disto?
Não vou negar que as condições das escolas, de uma maneira geral, não são as desejáveis, longe disso. E também poderia dizer o mesmo dos hospitais, UPAs e o que mais estiver vinculado à saúde, por todo o Brasil. Mas isso não começou hoje, nem este ano, nem no ano passado. É possível procurar no YouTube vídeos de mais de dez anos atrás sob o assunto “caos na saúde”. A mesma pesquisa relacionada aos problemas com escolas, em qualquer âmbito de governo e por todas as regiões do país, também produzirá inúmeros resultados.
Mas porque então estas invasões recentes nas escolas? O objetivo é tão somente político. O primeiro atingido foi o governador Geraldo Alckmin, eterno inimigo do PT, responsável por inúmeras derrotas do partido para o PSDB na disputa pelo governo de São Paulo, considerado pelos petistas a joia da coroa dos governos estaduais. Sob o pretexto do escândalo das merendas nas escolas paulistas, jovens, manobrados politicamente pelos partidos de esquerda, encarregaram-se de invadir escolas e minar politicamente a administração de Alckmin (a quarta como governador), desgastando-o junto à opinião pública, com o objetivo único de tirar-lhe votos na eleição presidencial de 2018, caso seja o candidato do PSDB.
Por motivos diferentes, o PMDB do Rio de Janeiro, outrora aliado do governo federal petista, passou também a ser alvo de invasões semelhantes, uma vez que Dilma foi afastada da presidência. Agora o PMDB é inimigo mortal da esquerda, então vamos usar nossa massa de manobra, os jovens estudantes ingênuos, para atingi-lo politicamente. Ora, as escolas, se tinham problemas (e certamente tinham), isso já vem de anos, e acentuaram-se com a crise financeira do estado do Rio de Janeiro, que não começou há um mês com o afastamento de Dilma.
No Rio Grande do Sul, o mesmo movimento, sem tirar nem pôr, agora acrescido pela greve dos professores deflagrada recentemente. O objetivo por de trás disso é o mesmo: desgastar o PMDB, o outrora aliado, agora inimigo. Causar-lhe o maior dano possível, já sabendo que suas reivindicações não podem ser atendidas, pois o dinheiro acabou. Ironicamente, o CPERS veicula propaganda na mídia dizendo que temos que aprender com os últimos quarenta anos de gastar mais do que arrecadamos, para concluir que tudo é questão apenas de “vontade política”, como se não fosse justamente ela a causa do problema, apenas a vontade sem levar em conta a realidade das contas públicas. Aliás, como fez o último governo petista, deixando vários aumentos para serem pagos pelos governos seguintes, quando o caixa do Estado já estava no limite. O resultado é o caos dos salários parcelados que temos hoje.
Acho que estamos apenas no começo. Depois de quase 14 anos no poder, depois de deixar a economia e as finanças do país em frangalhos, a esquerda radical agora é oposição. Voltará a fazer o que fazia antes de 2003: protestar contra tudo e todos, quando não apenas para inviabilizar os governos a que se opõe, também para levar adiante a bandeira “do outro mundo melhor possível”, que ruirá mais adiante assim que o dinheiro acabar (se é que ainda resta algum), diante da insustentabilidade do modelo socialista.
A Venezuela que o diga. Lá, o dinheiro acabou faz tempo.
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