James M. Dressler
19/04/2017 | Curiosidade
Uma vez levantado o sigilo sobre as delações da Odebrecht, estamos ainda sob o impacto do tsunami de revelações escabrosas sobre os subterrâneos da política brasileira, principalmente na última década e meia. Mas uma coisa me incomoda nesta história toda, talvez a mesma coisa que incomode a muita gente, além de mim.
É que fico curioso sobre o que acontecerá financeiramente com estes delatores, desde o primeiro, o doleiro Alberto Youssef, até os mais recentes, recém-presos e sob pressão para entregar mais gente. Este pessoal todo enriqueceu através de meio escusos, a grande maioria deles era gente de classe média que se tornaram ricos, donos de grande patrimônio, muito acima do que suas atividades legais permitir-lhes-iam. Fico curioso também sobre os políticos que forem condenados por corrupção e caixa dois, se continuarão com suas mansões, apartamentos de luxo, fazendas e carros importados, comprados com dinheiro ilícito. Estou curioso se terão tais bens confiscados ou não. Na teoria, seria líquido e certo que perderão tudo. Na teoria. Mas voltemos aos delatores.
Fiquei sabendo que Pedro Barusco, aquele delator que devolveu quase 100 milhões de dólares, está sendo cobrado pela Receita Federal pelo imposto de renda relativo a estes valores, apesar de ter fechado um acordo de delação premiada. Pedro estaria muito incomodado com isto, pensou que isso não aconteceria por causa do acordo de delação. O problema é que Ministério Público e Receita Federal são independentes, então ele se esqueceu de combinar com todos possíveis envolvidos. Bom para nós, contribuintes, mas eu quero ver se esta regra vai valer para todo mundo, incluindo os políticos com aquele patrimônio incompatível com seus rendimentos...
Acredito que 100% destes delatores estariam quebrados se devolvessem tudo que roubaram, exceto aqueles que já eram ricos antes, como os donos de empreiteiras. Ainda mais com a Receita Federal indo em cima, cobrando imposto de renda sobre os valores sonegados, perderiam provavelmente tudo que adquiriram de forma ilícita. O mesmo vale para políticos profissionais, cuja renda advém exclusivamente de seus subsídios em seus cargos públicos e que tem patrimônio totalmente incompatível com sua renda.
Fica minha curiosidade para uma matéria jornalística que sairá lá no fim da próxima década, com um título mais ou menos assim: “Lava a jato dez anos depois: como vivem hoje os envolvidos no maior esquema de corrupção do mundo”. Estou curioso para lê-la e descobrir o que aconteceu com esta turma que assaltou o estado brasileiro.
Meu temor é que a roubalheira tenha valido a pena. Tomara que eu esteja enganado.
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