James M. Dressler
05/04/2017 | Venezuela
Não é surpresa para ninguém, que conheça como funciona a mente esquerdista, o que aconteceu na Venezuela na semana passada, quando a suprema corte assumiu as funções do poder legislativo. A esquerda, tendo oportunidade, não abandona o poder assim tão fácil. A democracia só existe quando ela está no poder, então vale tudo para mantê-lo.
Sem dúvida alguma, a oposição, desde que Hugo Chávez assumiu o poder, cometeu uma série de erros políticos que acabaram por aprisionar a Venezuela, deixando-a à mercê da esquerda mais populista das Américas. Aquela que está a implantar o socialismo do século XXI que, aliás, é tão ou mais ruim que o socialismo do século anterior ou do que qualquer outro socialismo de épocas mais remotas. Um desastre pronto para acontecer.
O principal erro foi ter boicotado eleições enquanto Chávez era presidente, o que proporcionou a seu partido eleger uma imensa maioria parlamentar, que lhe permitiu alterar a constituição de forma a tornar praticamente impossível que a oposição pudesse vencer eleições. Só recentemente a oposição conseguiu ter força suficiente para obter maioria no parlamento e fazer frente ao governo, já agora nas mãos de Nicolás Maduro.
Deve ter sido numa conversa com o passarinho, que Maduro diz ser o espírito de Chávez, que ele teve a ideia de articular com a suprema corte esta jogada de destituir os poderes do parlamento. Uma ideia de um ditador para outro. Lembremos que a maioria dos membros da corte foi indicada por Chávez e Maduro, portanto totalmente comprometidos com o tal socialismo do século XXI.
Porém não se engane: haverá esquerdistas, aqui mesmo no Rio Grande do Sul, que farão malabarismos retóricos para defender o que acontece na Venezuela. E os que não o fizerem, terão a cara de pau de dizer que nunca defenderam o regime de Maduro, que tudo mudou depois que Chávez morreu e que Maduro “não os representa”.
De certa forma, até eu admito que mudou, mas tão somente como decorrência lógica do que já acontecia antes. Apenas houve o aprofundamento da “revolução” que, como em todas outras tentativas de implantar o socialismo, acabou inapelavelmente afundando sua vitima em uma crise sem precedentes.
Diante da pressão internacional, principalmente do Mercosul, Maduro e seus amigos da suprema corte acabaram recuando, para manter o simulacro de democracia de pé no país vizinho. Recuo estratégico para manter tudo como está e Maduro tranquilo no poder, com o próprio passando por bom moço que pediu que a suprema corte revisasse seu posicionamento. É aquela história do “se pegar pegou”, caso contrário, Maduro faz o papel de democrata e ainda sai por cima na história toda. E haverá quem compre esta farsa.
Enquanto o barco afunda, os passageiros fogem desesperadamente do navio. Até o Brasil, mesmo na pior crise de sua história e em uma das suas regiões mais pobres, virou porto seguro. Roraima que o diga. Mas a “revolução” continua, até que não sobre mais nada da Venezuela.
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