James M. Dressler
22/07/2015 | O Inimigo do Meu Inimigo
Sun Tzu foi um general e pensador chinês que supostamente viveu entre 544 a.C e 496 a.C, a quem é atribuída a autoria do livro “A Arte da Guerra”. Recheado de ensinamentos sobre estratégias militares, seus ensinamentos norteiam a guerra política e ideológica dos dias de hoje, 2500 anos depois.
Uma de suas frases que eu mais gosto é: “não é preciso ter olhos abertos para ver o sol, nem é preciso ter ouvidos afiados para ouvir o trovão. Para ser vitorioso você precisa ver o que não está visível”. É uma outra maneira de dizer: “para cada problema existe uma solução simples, fácil e errada”. Nem sempre o óbvio é o certo, é preciso entender o problema, suas causas, suas conseqüências, enxergar o que não está na superfície, para só então endereçar a solução adequada, que até pode ser a óbvia. Avaliações ligeiras podem levar a tomar conseqüências por causas, a enxergar uma relação de causa e efeito onde só há correlação. Querem um exemplo?
Guardei este exemplo de uma coluna de Reinaldo Azevedo de anos atrás, porque ilustra muito bem a diferença entre uma coisa e outra. Escolha um grupo de pescadores com pouco contato com a “sociedade de consumo” e um outro de executivos sedentários, todos na mesma faixa etária. O índice de colesterol deste grupo será certamente superior ao do outro. Algumas falsas conclusões podem ser tiradas daí com base em correlações:
- pescar baixa o colesterol;
- ser executivo eleva o colesterol;
- o mar baixa o índice de gordura no sangue;
- trabalhar em escritório entope as coronárias;
- pegar todo dia na tarrafa elimina gordura do sangue;
- cadeira estofada e giratória provoca colesterol.
Obviamente, todos sabemos que o que causa a diferença entre os níveis de colesterol de um e outro é tão somente a alimentação, nada além disso. Agora, imagine a mesma situação em um assunto que não dominamos tão bem, como Física Nuclear ou Economia... Percebem como gente mal preparada pode causar danos ocupando altos cargos administrativos, como o de presidente de uma empresa ou de um país?
Outra frase emblemática de Sun Tzu é: “se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas”. Aplicada aos dias de hoje, no cenário político brasileiro, diríamos que nesta batalha entre PMDB, liderado por Eduardo Cunha e o PT, liderado por Lula, estamos vendo que o PT não conhecia bem Cunha, e talvez tenha perdido até o próprio rumo, já não sabe quem é. A denúncia contra Cunha parece ser o primeiro acerto do PT neste momento. Não, não acho que o PT tenha influência sobre Sérgio Moro ou Ministério Público, mas ele pode ter sim poder sobre o delator, não? No estilo “me ajuda que eu te ajudo”.
Mas a frase que me motivou a escrever este artigo não é de Sun Tzu, até porque acho que ele não concordaria, como eu não concordo: “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”. Eu acho que nem sempre. Na minha versão, seria: “o inimigo do meu inimigo é um caso a ser analisado”. E nesta briga entre Eduardo Cunha e PT, cheguei à conclusão que dos males o menor, dou meu apoio à Cunha. Com sorte, quem sabe nesta briga os dois se destroem e abre-se um espaço político para alguém melhor. Ou não. O silêncio de Marina Silva me preocupa.
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