James M. Dressler
19/06/2017 | O Fim da Idade da Razão
A política não passa de uma troca de favores, algo que só gera uma ação efetiva quando convém aos políticos. E que conveniências são estas? A de seus mestres, sejam eles corporações, empresas privadas, grupos de privilégios, categorias profissionais ou mesmo as tais minorias de todos os matizes. E cada político sabe muito bem disso, sabe que ele e seus colegas agem sob ordens destes interesses, em detrimento do resto.
É assim desde o início dos “tempos democráticos”, não importa qual a atividade parlamentar. Mesmo naqueles comitês ou comissões para investigar denúncias, o objetivo nunca é o bem da nação, a busca da verdade, da justiça, mas sim a procura pelo ganho pessoal, que possa alavancar a carreira do “justiceiro”, normalmente um sujeito que tem a alma vendida desde que começou na política e percebeu como o jogo funcionava.
Uns acusam os outros de violarem regras, as mesmas regras que todos os políticos aceitaram e que escreveram juntos, obviamente facilitando que o jogo fosse jogado. E não tenham dúvidas, todos seguem as regras, o que não quer dizer que sejam moralmente aceitáveis, e que não sejam repletas de brechas que permitam escaparem impunes dos crimes cometidos. São todos culpados! Criaram um sistema corrupto, em que o mais corrupto acaba sendo eleito o chefão para que a bandalheira continue rolando.
Para ser o chefão, é preciso saber jogar bem o jogo, ser um mestre destemido para fazer o que for preciso, para o deleite e usufruto de todo o resto, que se esbalda com a orgia com o dinheiro público e privado. Todos adoram a festa onde são convidados de honra, e que ainda por cima recebem para participar. Mas o chefe tem que ser forte, tem que agir, negociar, impor quando necessário, e de preferência ser popular, para não haver contestações.
A política não passa de uma pantomima de ações (sejam lá quais forem) e slogans, onde não importa muito o que se diz ou se faz efetivamente, desde que se faça algo, de preferência que gere votos. Todos os políticos curtem a carona que recebem advindas destas ações. O importante é vencer o próximo pleito e manter o status quo da política. É um jogo de cartas marcadas e regras viciadas.
Chegamos ao fim da Idade da Razão. Não mais existe o certo ou errado, a versão se impõe ao fato. Importa apenas vencer, estar sempre do lado vitorioso e nunca do lado derrotado. E isto resume tudo.
O que vocês leram acima é um resumo do pensamento do personagem Francis Underwood, Presidente dos Estados Unidos na série House of Cards, ao se manifestar em depoimento a uma CPI do Congresso, em que ele era investigado. Não digo mais para não dar spoiler da série do Netflix, em sua quinta temporada. Recomendo-a fortemente a todos.
Como a produção da série publicou há algumas semanas nas redes sociais, está difícil competir com a realidade...
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