James M. Dressler
07/01/2019 | A Primeira Semana
Fiquei pensando que avaliação eu faria da primeira semana do governo Bolsonaro. Foi boa? Ficou aquém das expectativas? Algumas reflexões sobre estes momentos iniciais do primeiro governo de direita brasileiro dos últimos 30 anos.
A primeira impressão veio dos discursos de Bolsonaro, sendo a melhor aquela do discurso feito no parlatório, para o povo presente à cerimônia da posse. Bolsonaro, sem medo da patrulha da imprensa e da oposição, reafirmou tudo que disse na campanha. A sinalização foi positiva porque pela primeira vez, que eu me lembre, um presidente eleito não muda o tom depois da posse, e isso indica que as reformas que ele diz ser defensor, deverão mesmo ser encaminhadas e buscadas pelo governo. E o que o Brasil mais precisa é de reformas: previdenciária, administrativa, tributária, trabalhista (parte 2), e outras menos “votadas”.
Depois, Paulo Guedes, em seu discurso de posse, foi cirúrgico, como de hábito, botando o dedo na ferida e apertando bem, que é para o pessoal se dar conta. A reforma da Previdência é prioridade, para que o gasto do governo diminua, os impostos possam ser reduzidos, e a dívida pública convirja para uma patamar mais civilizados, permitindo a continuidade dos juros baixos e, quem sabe, a sua redução, diminuindo mais ainda o gasto do governo, agora com o serviço da dívida pública. Perfeito, não se esperava outra coisa.
Sérgio Moro, no seu estilo “low profile”, também adiantou medidas para combater a corrupção e o crime organizado, que deverá propor e por em prática assim que possível, depois de avaliados pelo Congresso. Mas não dá para deixar de notar que o crime organizado resolveu testar o novo ministro com uma ação orquestrada no Ceará. Não duvido que possa haver uma propagação desta ofensiva da bandidagem em outros estados da federação, para tentar desestabilizar o governo ou fazê-lo titubear na sua política de endurecimento com o crime, principalmente o organizado. Já no varejo, está a caminho um decreto facilitando a posse de armas, promessa do presidente durante a campanha. Aqui também, parece que a coisa vai indo bem.
Já o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, também não surpreendeu ninguém. Muito alinhado com o discurso de campanha de Bolsonaro, repetiu o que já se sabia. Vamos ver se consegue desenvolver a necessária aproximação do Brasil com os Estados Unidos e Israel sem se afastar de outros parceiros que possam ter relevância, ou ao menos que o saldo de suas ações some positivamente para o comércio exterior brasileiro.
A polêmica das redes sociais ficou por conta da Ministra Damares Alves, da Mulher, Família e Direitos Humanos. Lá foi ela falar em sentido figurado, usando uma metáfora, “menino veste azul e menina veste rosa”, para que a patrulha, misturada com gente que ignora o que seja uma figura de linguagem, inundasse as redes sociais e programas jornalísticos com críticas à ministra. Ora, ela apenas disse que o tradicional agora não é visto mais como algo ruim, danoso, é apenas o que existe há séculos e que não deve ser estigmatizado, e que o estado não apoiará mais a ideologia de gênero nas escolas. Pais que o quiserem fazer em casa, que o façam. Simples assim.
Por fim, o próprio Bolsonaro, em entrevista ao SBT, falou alguma coisa sobre a reforma da Previdência. Vamos esperar que a proposta completa, com todos os detalhes, seja divulgada para então analisarmos. Por enquanto, ao menos ela parece continuar sendo prioridade. Falta saber se será suficiente.
O ponto que me pareceu mais negativo na semana foi a comunicação do novo governo, não só entre Bolsonaro e seus ministros, como entre o governo e a imprensa. Bolsonaro precisa falar menos, Onyx também. É preciso um porta-voz com urgência. Urgência mesmo!
Voltando ao tema de governo mais importante, nesta próxima semana é possível que o texto da reforma da Previdência seja divulgado. A conferir. É a mãe de todas as reformas. Não há nada mais prioritário neste primeiro semestre de governo.
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