James M. Dressler
05/06/2014 | O Complexo de Vira-lata
Muito já ouvimos falar do nosso “complexo de vira-lata”, um complexo através do qual se explicaria todo o nosso fraco desenvolvimento perante as grandes potências econômicas e políticas do mundo. Mas será que este suposto complexo é mesmo o que parece ser (ou o que as pessoas entendem como)? Nos sentimos inferiores, incapazes de sermos melhores do que somos, e então nos contentamos em ser assim mesmo, uns quaisquer, uns “vira-latas”?
Sinceramente, acho que o furo é muito mais embaixo, e talvez a principal causa de não atingirmos aquele potencial que todos julgam termos (afinal, quem tem um território tão grande e tão rico quanto o Brasil?) não seja bem uma espécie de complexo de inferioridade, mas uma escolha até bem consciente da maioria dos brasileiros.
Digo isto porque comparo nossas escolhas com as escolhas de povos de outros países que até menos de meio século atrás eram muito mais pobres que o Brasil. E acho que um dos principais exemplos é a Coréia do Sul. Lembro que durante as primeiras décadas do Beira-Rio, havia um espaço para a torcida chamada de “coréia”, junto ao fosso do estádio, onde se via o jogo do nível do campo e apenas em pé. Era o lugar de ingresso mais barato, e destinado aos mais pobres, e como o país Coréia na época era muito pobre, pegou o apelido. Passados menos de 40 anos, hoje é o país que tem uma grande indústria própria automotiva, a maior fabricante de celulares, a maior de notebooks, e outras líderes das mesmas áreas, todas empresas de nacionalidade coreana. Ou seja, em menos de 40 anos, deu tempo de educar uma geração inteira, e ela criar ou desenvolver empresas que sequer existiam ou apenas engatinhavam, e ainda torná-las das maiores do mundo.
E o que o Brasil alcançou neste mesmo tempo, sendo um país que, na teoria, teria muito mais condições de se desenvolver que a Coréia? Alguém poderia dizer, “Ah, mas a Coréia é muito menor, é mais fácil de administrar”. E eu diria: a Coréia do Norte é mais ou menos do mesmo tamanho, e vejam os resultados...
Então, questionem-se o seguinte: quando escolhemos nossos representantes, escolhemos os que vão nos proporcionar mais liberdade econômica ou os que vão engessar ainda mais a nossa já engessada economia, com mais regulamentos, leis e portarias, sob o pretexto de haver mais “justiça social”, “promover a igualdade” e “criar uma sociedade mais igualitária”? Qual o caminho que trilhamos nestes últimos 40 anos? Vejam os resultados...
Nestes momentos, não dá para deixar de lembrar a frase de Roberto Campos: “o socialismo é o caminho mais longo para chegar-se ao capitalismo”.
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