James M. Dressler
06/04/2016 | Os Intelectuais
Depois de ver e ouvir as manifestações de diversos intelectuais a favor do governo e contra o impeachment na última semana, vejo muitas pessoas novamente indignadas com o fato de um partido, comandado por alguém que não tenha sequer o primário completo, poder manipular pessoas cultas e estudadas (os intelectuais), enganar um país inteiro até hoje, sem que ninguém se dê conta ou realmente reaja contra isso. Mas será mesmo isso verdade? Não acho.
Em primeiro lugar, muita gente já se deu conta do engodo. A popularidade do PT, de Lula e de Dilma atingiu índices históricos de baixa. Muitos já perceberam que as políticas adotadas desde o segundo mandato de Lula têm conexão direta com o mau desempenho da economia brasileira de hoje, muito mais pela incompetência na gestão do que até mesmo pela corrupção, já revelada pela Operação Lava Jato. As manifestações de rua de 2013, numa fase em que a população não tinha ainda conseguido distinguir bem as causas do mau momento econômico (que começava a dar sinais preocupantes com a inflação crescente), tomaram corpo em 2015 e 2016, depois de que ficou claro que a reeleição de Dilma em 2014 havia se dado em cima da ocultação da verdadeira situação econômica do país.
Em segundo lugar, é ainda menos verdade que Lula manipule algum intelectual. É justamente o contrário. Lula é o instrumento dos intelectuais para se comunicarem com o povo. Lula certamente consegue manipular uma parcela (grande) da população sem ou com pouco estudo, através das soluções simplórias que vive apresentando, de fácil entendimento para quem tem pouca compreensão do funcionamento da sociedade, da economia e do governo, e que na grande maioria das vezes são as soluções completamente erradas para resolver os complexos problemas do país.
A questão subliminar que fica é por que intelectuais, que supostamente teriam a capacidade de discernimento para perceber que tais soluções causariam ainda mais problemas do que realmente resolver algum, dão seu apoio e usam Lula para comandar boa parte da população?
A primeira razão é que a maioria destes intelectuais não tem tal capacidade de discernimento em todos os campos do conhecimento humano, a maioria ignora os conceitos e teorias econômicas, são tão analfabetos neste assunto quanto a maioria da população. Certamente muito deles tem uma ideia tão simplória de Economia quanto Lula.
A segunda razão é que a muitos não interessa mesmo saber de mais nada além de seus próprios interesses. E não há como negar que no Brasil, desde a ditadura, existe esta relação umbilical entre esquerda e artistas, uns ajudando os outros, uns apoiando os outros, num círculo vicioso de apoio e posterior acesso a verbas públicas, como no caso da Lei Rouanet. Uma eventual mudança de governo e de ideologia poderia colocar esta “boquinha” em risco.
A terceira razão é que intelectuais em geral (não todos, é claro) tem uma relação de ódio com mercados. Por quê? Porque o mercado submete sua sapiência, competência, reputação e principalmente suas obras ao escrutínio direto das pessoas comuns, que eles julgam ser gente desqualificada, sem condições de os avaliarem. Desprezam estas pessoas e, por conseguinte, o mercado consumidor, formado na grande maioria pela classe média, que no conceito deles consiste-se de gente burra e conservadora. Não é à toa que escapou a frase “odeio a classe média” num convescote de intelectuais de esquerda por aí. Então, muito melhor apoiar a ideologia que tem o mesmo inimigo comum, a esquerda. E que como já citei anteriormente, uma vez no poder, lhes garantirá o amplo acesso às verbas governamentais de “apoio à cultura”, sem que para isso tenham que encarar os prejuízos de um eventual fracasso em suas atividades. É uma simbiose perfeita.
Apesar de isso tudo já ter ficado muito claro para uma boa parte da população, não creio que deixarão o poder sem resistência, que não usarão seu prestígio para tentar desestabilizar o governo que emergirá para substituir o governo Dilma. A conferir. Em breve.
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