James M. Dressler
26/06/2017 | Invasão a Porto Alegre
Não, não se trata de mais um filme da franquia “Invasão”, como os anteriores “Invasão a Casa Branca” e “Invasão a Londres”, aliás, filmes divertidos para quem gosta de filmes de ação. Esta é uma invasão real, que acontece principalmente nas ruas do centro da capital gaúcha, realizada por camelôs de toda espécie de produtos que se possa imaginar.
Não é um fenômeno novo na cidade, que por décadas passou por situação semelhante, até que uma trégua (provisória) acontecesse no início de 2009, com a inauguração do Centro Popular de Compras (CPC), mais conhecido como “Camelódromo”, localizado entre a Rua Voluntários da Pátria e a Avenida Júlio de Castilhos. Construído sob a promessa de que resolveria para sempre o problema da invasão das ruas centrais (principalmente da Praça XV e Rua dos Andradas) pelos camelôs, custou um bom dinheiro aos cofres públicos.
Não vou muito ao centro da cidade, mas me lembro bem de como era antes do Camelódromo e como ficou depois. Realmente, como eu à época imaginava, resolveria o problema, muito menos pela construção em si e a disponibilização de um espaço para os camelôs se concentrarem, mas muito mais porque a fiscalização, sob a desculpa de que não haveria mais razão dos camelôs ocuparem as ruas, passaria a ser implacável. Não deu outra. De uma hora para outra, os camelôs sumiram.
E como eu alertei durante a construção do camelódromo, bastaria a primeira crise econômica para que voltássemos não apenas à situação anterior, mas a uma situação muito pior. E por quê? Ora, se os camelôs anteriormente haviam sido premiados com um shopping por ocuparem as ruas centrais da cidade, óbvio que diante de dificuldades de emprego, gerando a necessidade de trabalhar a qualquer custo, somadas a uma perspectiva de receber benefício semelhante, faria brotar de todos os cantos novos camelôs, como nunca antes nesta cidade.
Oito anos depois, quem vai ao centro da cidade pode constatar que ele foi invadido, literalmente. As ruas, todas elas, praticamente, estão lotadas de camelôs. Até onde eles não se atreviam a vender antes, agora há camelôs. De hortifrutigranjeiros a smartphones, passando por peças de vestuário, se encontra de tudo nos camelôs. Nem a Praça Otávio Rocha escapou, passei por lá estes dias, e me deparei com uma concorrência a céu aberto com as Lojas Renner e Riachuelo bem em frente. Impressionante! Observei por alguns minutos e o que mais eu via eram camionetes estacionando e descarregando mais roupas para a loja improvisada. Não me lembro de ter visto coisa igual por ali, nem na época áurea dos camelôs antes do CPC ter sido inaugurado.
Qual será a solução para o problema atual? Imagino que deverá ficar entre estas duas opções: deixar rolar, pois não há o que fazer, e o que não tem solução, solucionado está, ou construir mais alguns andares sobre o atual CPC, para acomodar os novos camelôs. Acredito que vão ter que mais que dobrar o número de andares, para acomodar todo pessoal. Como a prefeitura está quebrada, adivinhem qual das duas será a escolhida...
Enquanto isso, alguns congressistas gaúchos comemoram as derrotas que a oposição impõe à reforma trabalhista, mesmo que a CLT, aprovada a reforma, se mantenha anos-luz de distância das modernas legislações trabalhistas dos principais e mais ricos países do mundo.
Parafraseando Ronald Reagan na sua observação sobre abortistas, poderia dizer que já percebi que todos que são contra a reforma trabalhista já têm um emprego.
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