James M. Dressler
08/10/2018 | Debates Ficaram Obsoletos
Nesta época que antecedem as eleições, sempre há aquela profusão de debates. É debate de vice, é debate de candidato a governador, é debate de candidato a presidente. Houve uma época em que até havia debate de candidato a senador. Mas ainda fazem sentido estes debates?
Há muito tempo que eu não vejo debates. Considero-os desgastantes para o espectador, pouco produtivos, normalmente resultam em inúmeras tentativas de desconstrução do oponente, muitas vezes despencando para o puro e simples xingamento. Para complementar, o formato dos debates, tentando ser equânime com seus sorteios, evita e/ou dilui os confrontos mais interessantes, deixando ao mero acaso que aconteçam, isso quando acontecem. Muitas vezes se vê o debate inteiro sem que nada de interessante aconteça, e ainda somos obrigados a aguentar as “tabelinhas” entre candidatos que pertencem ao mesmo campo ideológico, onde um levanta a bola para o outro cortar com alguma obviedade que todo mundo já sabe que ele dirá. Chato. Muito chato.
A irrelevância dos debates aumentou bastante com o advento smartphone e das redes sociais, como o Facebook, YouTube e WhatsApp, que democratizaram o acesso à comunicação de massa direta com o eleitor, por parte dos candidatos. Transmissões ao vivo e compartilhamentos de mensagens deram a cada candidato a possibilidade de deixar bem claro aos eleitores o que pensam, sem aqueles enquadramentos de tempo típicos da TV ou do rádio, que limitam o tempo de comunicação entre os inevitáveis comerciais e a grade de programação. Os debates não são mais necessários para saber exatamente o que um candidato pensa.
Acrescente-se a isso mais um detalhe que era muito restrito na época das campanhas apenas pela TV ou rádio: a interatividade. Antigamente, até havia a possibilidade do candidato ser questionado pelo eleitor, através de perguntas feitas pelo telefone, por exemplo. Mas tudo ficava a critério da produção do programa em que o candidato participava, que filtrava o que seria perguntado, podendo manipular a situação, escolhendo perguntas mais ou menos incômodas, conforme o candidato ser do agrado ou não da emissora. Hoje, a interatividade é direta com o candidato pelas redes sociais, sem intermediários.
A partir deste pleito de 2018, a perda de importância do tempo de TV e rádio na propaganda eleitoral já está comprovada e reconhecida pela própria mídia tradicional. Quem mais tempo de TV tinha não conseguiu decolar. Quem menos tempo tinha está na liderança, e sequer compareceu à maioria dos debates.
Talvez falte mais um pleito para todos se convencerem de que debates já perderam muito de sua relevância. Talvez eu esteja errado, mas acredito que as campanhas para as próximas eleições já refletirão melhor esta nova realidade.
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