James M. Dressler
25/06/2018 | Maldito Novo Padrão
Leio, sem ficar nem um pouco surpreso, matéria da Revista Época (*) comentando sobre a fatídica adoção do novo padrão de tomada de três pinos pelo Brasil, incompatível com 99% do resto do mundo civilizado. Sempre me cheirou muito mal esta história, e agora já tenho uma noção melhor daquilo que só era uma intuição.
Conta a matéria que supostamente uma multinacional teria maquinário já pronto no Brasil para fabricar o novo padrão em massa, não só para atender o mercado nacional, mas internacional. Como país de bobos e do jeitinho é só o Brasil, o novo padrão não vingou em nenhum outro país, exceto Suíça e a África do Sul, este último por sinal, segue um padrão de excentricidades semelhantes ao Brasil em outras áreas. Teria então havido supostamente um lobby para que o Brasil adotasse de qualquer maneira o novo padrão para dar utilidade ao investimento feito pela empresa produtora de tomadas elétricas e afins.
E sobrou para nós, consumidores, que já tínhamos em nossas casas um padrão informalmente adotado por anos pela indústria, igual ao americano, de dois pinos chatos e o terceiro pino redondo. Em todos os lugares em que trabalhei, na minha casa, de meus parentes, quando havia tomada de três pinos, era esse o padrão. Por que não simplesmente oficializar este padrão, se é que precisava ser oficializado? Agora entendemos por quê. Para uma turma (e acho que não foram poucos) isso deve ter sido muito bom, deve ter rendido muitos lucros. Uma investigação em cima disso, estilo “lava jato”, renderia um bom caldo.
A matéria ainda esclarece que a suposta maior segurança que traria o novo padrão também não se confirma nos números de acidentes domésticos, que continuaram crescendo desde sua implantação. Não é para menos, pois uma das vantagens apregoadas seria a introdução do terceiro pino, enganando os incautos que não sabiam que o tal terceiro pino sempre existiu. A mudança mesmo era o novo padrão de encaixe, que tornou incompatíveis todos os plugues no formato antigo, obrigando o infeliz consumidor brasileiro a comprar incontáveis adaptadores para poder continuar usando seus aparelhos elétricos e eletrônicos onde houvesse as novas tomadas. Péssimo para o nós, consumidores, mas certamente ótimo para quem fabrica os tais adaptadores.
Mas não se iludam. Deste mato não sai cachorro. Ninguém vai investigar nada, não haverá CPI, não haverá força-tarefa de ninguém para investigar este verdadeiro acinte que foi a imposição deste padrão goela abaixo dos brasileiros, sem que nenhum benefício tenha trazido à população, exceto fabricantes de material elétrico.
O Brasil é assim mesmo. E acho que não vai mudar.
(*) https://epoca.globo.com/tecnologia/noticia/2018/06/sete-anos-depois-quem-ganhou-dinheiro-com-tomadas-de-tres-pinos.html
Compartilhe
- Dia de Santa Adelaide
- Dia de São José Moscati
- Dia do Butantã
- Dia do Reservista
- Dia do Síndico - Porto Alegre
- Dia do Teatro Amador