James M. Dressler
28/10/2015 | Divididos
As pesquisas de avaliação do governo Dilma já constataram que menos de 10% da população brasileira aprova como a presidenta vem conduzindo o país. O que vem passando despercebido é que há uma divisão entre os entrevistados sobre o porquê da desaprovação. Boa parte desaprova Dilma porque está restringindo verbas para os programas sociais, e a outra parte justamente porque gasta demais com os mesmos programas sociais.
A recente manifestação de Lula sobre o motivo das pedaladas fiscais do governo em 2014 (talvez continuadas em 2015), justificando as medidas para garantir os programas sociais, não foi à toa. O ex-presidente mira justamente nesta grande parcela do eleitorado que se sente decepcionada com Dilma por ela ter de certa forma traído seus eleitores. Lula sinaliza que se a situação do país está ruim, poderia estar pior para os eleitores de Dilma não fossem as pedaladas. Tenta passar a mensagem de que ruim com ela, pior sem ela, e que ações como as pedaladas, gastar mais do que arrecada e descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal nada tem a ver com o caos econômico em que o país se encontra, e sim foi a maneira que o governo encontrou de proteger o povo “pobre e sofrido” da crise econômica que viria de qualquer forma, porque seria externa, provavelmente criada pela elite branca de olhos azuis.
Pessoalmente, acho que Lula tem razão em apostar nesta linha de raciocínio. Não que ela expresse a verdade, mas apostar na inocência do povo e em apresentar soluções e explicações simples e fáceis de entender (mas erradas), tem dado certo politicamente para o partido nos últimos 15 anos. Um povo que não tem muita instrução, com analfabetos funcionais até mesmo “cursando” o ensino superior, é bem provável que ele seja bem sucedido. Lula também comanda a farsa da oposição do PT ao próprio governo do PT, ocupando espaços de outros partidos e fazendo de bode expiatório Joaquim Levy, que não é nome do partido. Outra tática que com auxílio dos camaradas dos movimentos sociais tem tudo para dar certo também. Quem pensa que o PT está morto e não tem chances em 2018, vai ter uma surpresa. Por falar em Levy, o ministro pode pedir demissão a qualquer momento, levando embora o último resquício de credibilidade deste governo. Se a coisa está ruim, pode piorar bastante.
Se há esta parcela dos eleitores de Dilma insatisfeitos, há a outra parcela menor, mas significativa e mais esclarecida, que já cansou de pagar a conta e percebeu que a conquista que foi o Plano Real foi ferida de morte. Percebeu que o país entrou num ritmo insustentável de direitos, principalmente para os “menos favorecidos” e que excluem aqueles que pagam mais impostos, seja por lei, seja porque os serviços são tão ruins que não vale a pena o sofrimento. Tais direitos redundam em gastos que consomem boa parte dos impostos, de tal forma que os investimentos em infraestrutura foram abandonados e o país não avança como deveria, perdendo competitividade no mercado global. Como resultado, há menor geração de riqueza empobrecendo a todos, reduzindo a arrecadação de impostos e, no fim das contas, prejudicando também àqueles a quem, em princípio, tais “políticas sociais” deveriam ajudar. É a redistribuição de renda que empobrece a todos. Não canso de repetir, o país não progride assim. Progride é com geração de riqueza.
Não bastasse a crise econômica, há a crise política derivada dela (e não o contrário, como o PT quer fazer parecer). E a tendência é o agravamento de ambas, uma realimentando a outra, ou com a saída de Levy, ou com o rebaixamento definitivo do país ao grau especulativo, ou com a simples manutenção de Dilma no poder, cometendo erros políticos e econômicos a cada dia que passa. Ou tudo isso junto. Segurem-se.
Compartilhe
- Dia de Santa Adelaide
- Dia de São José Moscati
- Dia do Butantã
- Dia do Reservista
- Dia do Síndico - Porto Alegre
- Dia do Teatro Amador