James M. Dressler
25/12/2017 | A Reforma de Trump
O presidente americano Donald Trump conseguiu sua primeira grande vitória no Congresso, ao aprovar a sua reforma tributária, mais uma promessa de campanha que ele cumpre, desafiando seus críticos. Mas que diferença isso faz para nós?
Embora muita gente ache que nada temos a ver com isso, temos sim. O mundo é globalizado. As empresas são globalizadas. E elas buscam mercados para vender e fabricar seus produtos e oferecer seus serviços. Os Estados Unidos, como alguns outros países desenvolvidos já haviam feito, está reduzindo os impostos sobre as empresas e sobre a renda, o que vai deixar na mão do povo americano em torno de US$ 1 trilhão na próxima década. Esta montanha de dinheiro certamente vai incrementar os negócios, tanto pelos investimentos quanto pelas vendas. E não é uma redução de impostos qualquer, é a maior nos últimos 30 anos lá nos Estados Unidos. E o que o Brasil faz ano a ano? Exatamente o contrário, aumenta cada vez mais os impostos. Prova é o crescente aumento da carga tributária.
Qual o resultado disso? Ora, as empresas, ao invés de escolherem o Brasil como destino de investimentos, preferirão cada vez mais outros países ao nosso, inclusive seus países de origem, que no caso de muitas delas, são os próprios Estados Unidos. E como os Estados Unidos são um modelo seguido por outros países na busca pelo desenvolvimento, não será surpresa que outros também façam uma diminuição da carga tributária. E nós? Podemos fazer o mesmo?
Infelizmente não. No Brasil há uma cresça insuperável no Estado. A grande maioria de nós prefere entregar seu dinheiro suado ao Estado, na crença de que os burocratas saberão melhor o que fazer com ele. E isso, especialmente no Brasil, está longe de ser verdade. O estado brasileiro gasta mal, muito mal. O desperdício de dinheiro, as corporações que abocanham para si a maior parte da receita e a corrupção já tomaram conta há muito tempo. Mas as pessoas não se convencem, pensam que é melhor entregar o dinheiro ao Estado para depois poderem reclamar de que pagaram por serviços que não estão sendo prestados. Isso quando não são serviços impossíveis mesmo de serem prestados, que poucos países ricos oferecem aos seus cidadãos, e que não têm cabimento num país pobre como o Brasil. Acreditar cegamente no Estado é uma maneira de ganhar uma carta branca para viver a vida de forma irresponsável: quando der problema ou faltar algo, grita-se “tenho tal direito garantido pela constituição”. O mesmo dá para dizer da Previdência. As pessoas se acham no direito de se aposentar depois de “x” anos de trabalho, afinal “contribuíram a vida inteira para isso”. Se o que contribuíram cobre ou não o que receberão quando aposentados, pouco importa, importa é que foi “a vida inteira”. Fazer contas nem pensar, pois pode descobrir-se que as contas não fecham. Por estas coisas a crença é tão forte. E por isso não conseguimos reduzir a nossa carga tributária, nem conseguiremos. A demanda pela salvação via Estado é cada vez maior. Não irá diminuir, muito menos os impostos que pagamos e que sustentam parte desta utopia. A outra parte vem de uma dívida que cresce ano após ano dramaticamente, simplesmente porque falta dinheiro para manter o sonho e pegar emprestado é preciso. E depois ainda demonizamos a dívida e as pessoas para quem devemos, como se elas fossem as culpadas de termos pedido emprestado.
O resultado é que perderemos ainda mais competitividade, os negócios vão diminuir, a recuperação econômica ficará aquém do que poderia, a arrecadação de tributos vai crescer menos que as demandas cada vez maiores da população. Então, ao invés de podermos diminuir impostos para manter os péssimos serviços que já temos, vamos ter é que aumentá-los. É um círculo vicioso que se realimenta. Perceba que ele já está ocorrendo há algum tempo. Ele já faz parte das nossas vidas.
Fica cada vez mais claro que precisamos nos desapegar deste amor ao Estado, se quisermos prosperar. Mas para isso, precisamos de um pouco de sacrifício e abdicar de algumas coisas ou não sairemos deste buraco em que nos metemos.
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