James M. Dressler
27/07/2016 | Já Vi Este Filme
E entramos praticamente na reta final da campanha presidencial dos Estados Unidos. E não sem surpresa, já podemos ver a ampla simpatia de quase totalidade da mídia brasileira à candidatura de Hillary Clinton, e ao mesmo tempo a quase ojeriza a menor citação do candidato republicano Donald Trump. Por que não me surpreendo? Ora, já vi este filme antes, há muito tempo atrás. Há quase quarenta anos, para ser mais exato.
Era 1980. O candidato republicano à campanha presidencial daquele ano era aquele ator de médio brilho, chamado Ronald Reagan. Aliás, político que já havia pertencido ao Partido Democrata anteriormente, tendo se desfiliado do partido em 1962. Dizia ele que não havia saído do Partido Democrata, o partido é que o tinha abandonado. Não deixa de ser verdade, à medida que o partido cada vez mais se aproximou do socialismo, sistema de governo que Reagan abominava. Mas me desviei um pouco do que me veio à memória: a campanha de 1980 e o que eu, ainda jovem, ouvia dizer do tal Ronald Reagan...
Não me lembro de uma só palavra favorável a Ronald Reagan à época, na mídia nacional. Tentei lembrar-me de algo dito por Paulo Francis antes daquela eleição, mas não consegui. É que ele só estreou na Rede Globo em 1981. Então, é isso mesmo, eu só lembro-me de coisas ruins ditas sobre Reagan: mau ator, ignorante, incompetente, belicista (essa era a que mais repetiam), armamentista, despreparado, “vai ser um desastre se for presidente”, “teremos a 3ª. Guerra Mundial”, “imagina deixar nas mãos deste homem o botão vermelho”, e por aí vai. Esclarecendo, o “botão vermelho” era aquele botão que Reagan, uma vez eleito, apertaria para lançar as bombas atômicas que destruiriam a vida na Terra. Não acreditam? Pois é.
Acho que era a primeira campanha presidencial americana em que eu já tinha plena consciência da importância geopolítica dos Estados Unidos, do que significava ser o presidente americano, enfim, do que estava em jogo, ao menos em parte. Mas eu não conhecia nada de Ronald Reagan, o que ele pensava, quais eram suas ideias, apenas me era despejada aquela saraivada de opiniões que eu ouvia tarde da noite no Jornal da Globo, pelos correspondentes internacionais da emissora nos EUA. E tudo que eu ouvia é que o pior que poderia acontecer é que o tal Reagan fosse eleito. Não havia internet, muito menos YouTube, Facebook, Twitter, ou qualquer outra mídia alternativa ao meu alcance em que eu pudesse ter uma informação diferente. Eu temia Ronald Reagan!
O tempo passou, acho que todos sabem o papel histórico que aquele “sujeito perigoso” teve na história mundial. Lembro também que, em 2011, em pesquisa do Instituo Gallup, foi escolhido pelos americanos como o maior presidente americano de todos os tempos. Estes dias vi a seguinte foto nas mídias sociais. Eu não conhecia a estátua, mas é extremamente merecida a homenagem.
A motivação do erguimento desta estátua em Gdansk, Polônia? O reconhecimento do povo polonês ao esforço destes dois homens, o Papa João Paulo II e o “perigoso” Ronald Reagan, em derrotar o comunismo que tanta infelicidade trouxe à população do país (e a qualquer outra que o tenha experimentado). Fato é que eles conseguiram: o muro de Berlim caiu em 1989 e toda aquela população oprimida durante décadas por aquele regime assassino foi libertada. Lembro o que disse Reagan em discurso realmente histórico em junho de 1987 na cidade de Berlim (ocidental), dois anos antes: “tear down this wall, Mr. Gorbachev!” (“Derrube este muro, Sr. Gorbachev!”). Não tem bem ideia do que é o comunismo? Acha que é algo glamouroso e descolado? Veja este vídeo, então: https://www.youtube.com/watch?v=FdfCHrBhiu8 .
Então, quando vejo a histeria que toma conta de muitas pessoas quanto à possível eleição de Donald Trump para a presidência americana, me dá aquela sensação de que já vi este filme antes. É um ótimo remake. Quem sabe o final também não será o mesmo.
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