James M. Dressler
15/04/2015 | Tempos Modernos
Acho que todos já se deram conta que estamos num momento da história da Humanidade em que as coisas estão mudando de forma muito rápida, graças à multiplicação exponencial do acesso à informação e da profusão de novas idéias, invenções e avanços no campo tecnológico que a disseminação da informação está proporcionando. A cada dia que passa novidades incríveis surgem, que cada vez mais deixarão para o ser humano apenas aquelas tarefas que as máquinas ainda não conseguem fazer, ou que o precisam do comando ou supervisão humana para maior eficiência.
Já temos aí os drones, os mais conhecidos ainda são os militares, comandados remotamente por humanos a uma longa distância, preservando a vida de pilotos em caso de abate. Mas eles não estão apenas aí. Estão se espalhando por diversas outras atividades, como monitoramento, agricultura, filmagens e, em breve, estarão fazendo entregas. E de modo autônomo. Já antevejo, dentro de poucos anos, ao menos nos países desenvolvidos, que o funcionário (ou mesmo um robô) pegue determinado produto no depósito, coloque no drone, já transmitindo os dados de localização do destinatário por rede wi-fi, e ele levantará voo e pousará no destino deixando o produto. Acreditem, está tudo tecnologicamente muito próximo de acontecer. Em algum lugar no mundo já há alguma empresa fazendo seus testes de algo neste sentido. E a conclusão é óbvia. De uma hora para outra, os motoboys estarão obsoletos.
Temos também em testes os automóveis que dispensam condutor. Daí para termos também ônibus e caminhões que se dirijam sozinhos, não vai demorar muito. Motorista, outra profissão que está a caminho da extinção. Já temos hoje pessoas que estão começando sua vida profissional como motoristas mas que certamente terminarão sendo profissionais em outra atividade.
Outra novidade que já começa a aparecer até aqui no Brasil, são os aspiradores de pó automáticos, um robô no formato circular que anda sozinho pela casa aspirando todos os cômodos e fazendo uma limpeza básica. Depois de terminar a ronda de limpeza, ele volta para a estação de descanso, onde recarrega as baterias para a próxima jornada. Você programa a hora e a frequência, e depois só precisa dar uma limpada no filtro de sujeira de tempos em tempos. Já dá para chamar a faxineira numa frequência menor do que se chamava antes. E podem ter certeza que em menos de uma década, haverá robôs com braços e pernas à venda para fazer o mesmo serviço e mais alguma coisa que o robô-aspirador não é capaz de fazer. E espere também algum aplicativo para smartphone para comandá-lo ou ver o que ele anda fazendo quando você estiver longe.
Neste mesmo âmbito caseiro, o barateamento de alarmes, câmeras e dos gravadores digitais de vídeos (DVRs), já está tornando obsoleto o vigilante da rua, aqueles que ficavam numa casinha de fibra de vidro na esquina. Aqui mesmo na minha rua, havia um até um tempo atrás. Não tem mais. Afinal, com câmeras por todos os lados, com detecção de movimento, com aplicativos para os smartphones que te permitem ver uma dúzia de câmeras simultaneamente em tempo real e, além disso, rodando no dispositivo que já te permite ligar direto para a polícia, quem precisa deles?
E no âmbito industrial, já são por demais conhecidos os robôs que constroem automóveis nas montadoras por todo o mundo, incluindo o Brasil, e até mesmo aqui em Gravataí na GM, há mais de uma década. A novidade agora é o lançamento de pequenos robôs, de mesa, que corresponderiam ao torso humano, com um ou dois braços, para fazerem pequenas tarefas de montagem que hoje ainda demandam a força de trabalho humana. E tudo isso por valores na casa de uma ou duas dezenas de milhares de dólares, muito inferior ao custo dos robôs industriais que conhecemos. Não bastasse a novidade, já temos à venda as incríveis impressoras 3D. Precisa dizer mais? Vão revolucionar a manufatura, jogando os preços dos produtos lá para baixo e mexendo no emprego de muita gente.
E por que estou alinhando todas estas novidades? Porque vejo o Brasil correndo o risco de mais uma vez ser atropelado pela modernidade, de ser pego de calças-curtas pelo progresso, por não se preparar adequadamente para as mudanças que estão prestes a se tornar ou já são realidade. É preciso urgentemente preparar as pessoas para este futuro próximo através da educação, que nos leve deste patamar de mão-de-obra barata e pouco qualificada para outro nível, que esteja preparada para não apenas utilizar estas novidades, mas também para quem sabe projetá-las, criá-las. Para deixarmos de ser apenas consumidores e tornarmos produtores de tecnologia, nem que coadjuvantes num primeiro momento, mirando um protagonismo num momento posterior. A verdadeira precarização do emprego vai acontecer é se não houver qualificação da nossa mão-de-obra, e não por eventuais modificações na CLT ou no que pode ou não ser terceirizado. A desigualdade de renda também não vai melhorar se só uma parte da população (a que já é mais preparada hoje) atualizar-se para o que vem por aí, enquanto o resto segue vivendo no século passado.
Não dá mais é para continuarmos atrelados a modelos arcaicos em todos os aspectos da vida do brasileiro, que passam pela atrasada legislação trabalhista, pelo direito adquirido acima de tudo, pela forma perdulária como o Estado é administrado, de como a Justiça opera lentamente, de como a educação é pífia e ideologizada. Precisamos é de um choque de realidade e produtividade em todos os níveis, e não ficar esperando por bilhetes premiados, como se diz do pré-sal, que dá aquela falsa impressão de que daqui a pouco ninguém mais vai precisar trabalhar e viver como milionário. Mesmo que o pré-sal se tornasse uma realidade, o que tenho sérias dúvidas, não é ter grandes reservas de petróleo que vai resolver o nosso problema, senão a Venezuela não estaria na situação em que está. Nem Japão e Coréia do Sul, que não tem petróleo algum, estariam na posição de vanguarda que ocupam. O que vai contar daqui para diante é capacidade tecnológica, mais do que já tem contado até agora! Este modelo que temos seguido até agora só nos conduz a crescimentos pífios do PIB ou até mesmo recessão.
O trem está passando, já estamos olhando o último vagão passar e o Brasil na mesma, não se toca que é hora de agir. Só no mundo do desenho animado é que os Jetsons convivem bem com os Flintstones. Acorda, Brasil!
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