James M. Dressler
09/07/2018 | Defensivos Agrícolas
Quase tudo no Brasil acaba em uma loucura generalizada, onde a racionalidade é colocada na lata de lixo e quem grita mais alto e faz mais barulho acaba vencendo, capturando as mentes daqueles menos informados.
A última loucura é a tramitação da nova lei dos defensivos agrícolas no Congresso. Apelidada de “pacote do veneno” pelos obscurantistas, ela visa regulamentar o uso de tais produtos no país. A má fé em relação aos defensivos agrícolas (ou pesticidas, como são chamados nos países desenvolvidos), já começa por este apelido maldoso ao projeto. Não é novidade, a mesma turma chama os pesticidas há anos de agrotóxicos, resultado daquele velho ódio a tudo que vem do Capitalismo, personificado nas multinacionais agroquímicas que os produzem, também representantes do “malvado imperialismo internacional, que quer dominar e escravizar os países mais pobres”. Nada mais falso, são justamente estes produtos que transformaram o Brasil num dos celeiros do mundo, trazendo uma riqueza fantástica ao país.
A mistificação não para por aí. Os mesmos obscurantistas enchem a boca para acusar más práticas no uso dos pesticidas no Brasil, que seria, no dizer deles, o maior utilizador de tais produtos no mundo, que aqui seriam utilizados sem qualquer controle. Na realidade, entidades internacionais já constataram que o país que mais utiliza os pesticidas na agricultura é a Holanda, em volume quatro vezes maior que o Brasil, que figuraria ainda atrás de outros países de primeiro mundo, como Japão e Estados Unidos, quanto ao volume de pesticidas utilizado por hectare. Até onde se sabe, não tem ninguém morrendo por envenenamento com os pesticidas em nenhum destes países, até porque, por lá, um desastre desses não prosperaria sem que o governo interviesse.
Isso não quer dizer que possa estar tudo bem aqui no Brasil. Certamente, o volume de pesticidas não é o problema, mas certamente, conhecendo o Brasil como conhecemos, atenção redobrada deve haver quanto à forma com que os pesticidas são aplicados, para que haja segurança tanto para quem os aplica para quanto consome os produtos agrícolas. Conscientização e fiscalização quanto a isso não devem ser relaxadas.
Os pesticidas são necessários. Vegetal doente não produz alimentos saudáveis. E vegetais livres de pestes tem uma produtividade muito maior. Se, de um dia para o outro, eliminássemos a produção agrícola convencional e adotássemos tão somente a orgânica, a produção de alimentos cairia drasticamente, os preços dos produtos disparariam e boa parte da população não teria como comprar alimentos. Daí para o caos seria um passo. Então, é preciso haver racionalidade e bom senso quanto à regulamentação do uso de pesticidas.
Certamente, com a evolução da transgenia e outras técnicas de produção, os pesticidas serão cada vez menos usados e perigosos. Isso já vem acontecendo com o avanço das tecnologias nas últimas décadas, elevando a produção agrícola brasileira, cuja produtividade por hectare duplicou e até triplicou em algumas culturas.
A diminuição do uso de pesticidas é questão de tempo, a afobação em querer eliminá-los ou restringir seu uso abruptamente não ajuda em nada e pode criar um verdadeiro desastre tanto social quanto econômico.
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