James M. Dressler
03/07/2017 | Bomba Relógio
Apesar de alguns reveses nas comissões do Senado Federal, a Reforma Trabalhista segue avançando, para o horror de alguns deputados e um senador gaúcho, que fizeram de tudo para impedi-la de chegar ao plenário. Infelizmente, embora talvez melhore o ambiente econômico brasileiro, aumentando a empregabilidade do brasileiro, esta pequena reforma não resolve nem de longe nossos problemas.
Mesmo que a reforma fosse até mais profunda do que esta que está para ser aprovada (salvo alguma nova delação surpresa de última hora), perdemos tempo, muito tempo. A época de ouro em que éramos um país jovem, com grande massa de trabalhadores para produzir e enriquecer o Brasil, já está terminando, foi durante as décadas de 90 e 2000, e embora tenhamos acertado ao debelar a inflação, optamos por nos darmos por satisfeitos e fazer de conta que já éramos um país rico (lembram-se da história da 6ª economia do mundo?), quando na realidade ainda éramos um país pobre, com renda per capita compatível com alguns países africanos um pouco mais desenvolvidos. Foi acabar o boom das commodities, e descobrimos que as coisas não eram bem como pensávamos.
Não bastasse isso, também optamos por engavetar outra reforma importante, a da Previdência, fazendo de conta que as pessoas de ontem, que quando atingiam sessenta anos, eram senis e com pouca capacidade laboral, são as mesmas de hoje, que vão à academia e exibem saúde de pessoas de meia-idade, e que serão mais longevas a cada década que passa. Resultado é que aposentamos trabalhadores no auge da capacidade (em torno dos cinquenta anos de idade, e alguns até com pouco mais de quarenta), que consumirão os recursos da Previdência por muito mais tempo que a contribuição que deram (ou que os atuais trabalhadores e empregadores atuais contribuem, dado o regime solidário entre gerações vigente), produzindo uma conta que não fecha. Como o dinheiro do governo é um só, e estando em vigência a PEC do limite de gastos, temos então uma bomba-relógio: em alguns anos, em torno de cinco, vai faltar dinheiro ou para pagar aposentadorias, ou saúde, ou educação ou segurança, para falar nas principais rubricas. O governo de plantão vai escolher o que será cortado.
Ou então optaremos por revogar a PEC do limite de gastos, literalmente abrindo a Caixa de Pandora, fazendo explodir a dívida pública ou fazendo explodir a inflação, sendo qualquer uma das alternativas completamente lamentáveis. A dívida já vem aumentando significativamente na última década, pelas políticas equivocadas dos governos petistas. Até a inflação ameaçou voltar, mas a queda de Dilma permitiu à nova equipe econômica recolocar a inflação em sua jaula.
A paralisia do governo de Michel Temer não ajuda em nada a resolução deste quadro, mas é o que temos para o momento. Ficamos na mão da consciência dos congressistas para que o serviço seja feito antes das eleições de 2018.
Por quê? Porque temo que optemos novamente por alguém que resolva recolocar na gaveta quaisquer reformas que o Brasil precise. Será o fim.
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